domingo, 19 de agosto de 2012

Esperando a Lua Subir

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Era uma vez uma menina chamada Lisa. Talvez ela estivesse apaixonada, ela nem sabia. Sua história era um pouco complicada e romântica demais. Platônica demais. Aliás, era essa uma de suas características. Lisa possuía uma enorme lista de amores platônicos - não que se apaixonasse tão fácil como parecia, apenas idealizava pessoas que acreditava serem capazes de assumir tal personalidade perfeita.

Não era hobbie, nem mania: era só como ela era. Uma pessoa apaixonada por pessoas. Afinal, era aquilo mais procurava. Acreditava só poder ser feliz assim, com um amor presente. Apesar disso, era paciente. Podia passar anos esperando o momento certo. O momento em que encontraria aquele amor e ele se concretizaria. Entretanto, não era isso que a vida lhe oferecia. Era engraçado, mas depois que Lisa o conhecia, era como se ele se transformasse numa flor bonita, porque era real e estava ali, mas ao mesmo tempo murchava a cada dia. Uma libélula com vida útil de 24 horas.

Os problemas apareciam. Agora real, o amor perdera sua magia e se transformara num amor comum. Talvez nem fosse mais amor. Lisa se pegava constantemente pensando que era mais feliz com o não concretizado. Apesar disso, nunca deixava de tentar, e sempre acreditava que, dessa vez, iria florescer. Não posso mentir que nunca havia pensado em desistir, em ser feliz de outra maneira, se dedicar ao trabalho, aperfeiçoar hobbies, descobrir talentos. Inesperdamente, porém, se via novamente naquela já conhecida situação de onde surgem todas as expectativas.

Era, aliás, como se encontrava no presente momento. Envolta na fantasia novamente. O rapaz era um outro comum, porém, aos olhos dela, especial. Haviam se conhecido num aeroporto, um dos lugares mais triste de todo o mundo, porque as pessoas chegam e partem. Locais de passagens. Sempre ficava deprimida ao pensar nesses lugares. Na solidão. Deveria saber desde o começo, com tal presságio, que aquilo nunca se tornaria algo bom. Mais um caso de envolvimento frustrado.

Acordara. Não só figurativamente. Acordada e fora caminhar, esperando a lua subir. Fazia um belo dia. Lisa olhou para o horizonte. O ar tinha aquele cheiro engraçado da manhã do primeiro dia de aula. De repente, estava sozinha e estava feliz. Passou a mão pelos cabelos e correu. Correu até chegar na praia. Desceu pelas escadas depois da ciclovia. Tirou os sapatos e continuou a correr, até chegar no começo do mar. Os olhos lacrimejavam por conta do vento. A primeira onda que alcançara seus pés fora como um choque, estava gelado como o momento deveria ser.

"Vou tomar leite", pensou. Todo o resto sumiu enquanto afundava em si, a garota dos morangos - não mais estragados, eram novos e frescos. Como os momentos seguintes deveriam ser...