segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Mundo escondido

.
0 comentários

Quero ser escritora. Sentar por aí e colocar no papel meus sentimentos do mundo. As palavras podem ser mais fortes do que quaisquer outras coisas em certas ocasiões. Elas não desaparecem depois de lidas ou ouvidas, permanecem e cavam um buraco dentro da gente. Às vezes, plantam uma sementinha lá dentro e deixam crescer flores. Mas podem deixar crescer também somente escuridão. Então é quando são mais difíceis de serem apagadas ou esquecidas. Para ser bem honesta, palavras sempre ficam.

Tentar ou querer escrever pode ser perigoso. As letras são traiçoeiras. É preciso procurar bem antes de abrir-se numa folha em branco.
É por esse motivo que dizem que pensamos demais, e nos acusam disto. Que culpa podemos ter se somos, por vezes, seletivos e racionais? A verdade é que não somos, mas podemos viver de aparências muito bem. É quase como um segredo; nos abrimos, mas só em folhas de papel. Dependemos disto.
As palavras enganam, mentem e desmentem para depois dizerem novamente. A busca pelo lugar perfeito, momento ideal, pessoa certa... Na realidade elas não existem. Românticos como somos, continuamos a procurar e procurar, até chegar no vazio, no espaço em branco, no qual não dá mais para continuar ou ir em frente, somente regredir ou virar à esquerda e direita que significa mudar de plano e direção. Mudar quem somos, porque alguém nos falou um dia que aquilo no que acreditamos não existe. E por que estou falando no plural? A outra verdade ainda não dita é que estou sozinha, e não estamos.
Ainda não decidi se vou para a direita ou para a esquerda, somente sei que regredir não é a solução. Poderia continuar tentando seguir em frente nessa fantasia na qual insisto em viver, mas, dizem por aí, uma hora cansa e já não é mais possível. E é quando essa hora chega que a gente evolui, amadurece.
Eu discordo. Essas coisas só são possíveis quando a gente quebra a cara. Ou o coração, o que é pior. Eu já disse que as palavras enganam, e é verdade. Enganam até umas às outras, o que ainda pode ser pior, porque a gente fora deste mundo não entende nada.
Aí elas envelhecem, são usadas para tudo o que é de porcaria, conversas formais, informais na fila do banco, declarações de amor nunca ditas, brigas e separações, cartas enviadas que nunca chegarão aos seus destinatários... Tudo mesmo. Quando envelhecem, ficam mais rabugentas, precisa-se de uma força enorme para fazê-las sair e pular do barco. Outras mais preguiçosas continuam navegando por aí, à procura, mais uma vez, porque sempre estão à procura de algo ou alguém que as faça saltar também.
E isso é vida. Mas continua sendo segredo para aqueles que nunca vão acreditar que não escolher esquerda, direita ou qualquer que seja o caminho mais fácil para desacreditar naquilo que ainda não conseguiram alcançar é o que realmente continua empurrando-os para frente.

readmore»»